domingo, 7 de maio de 2023


 

Era um sussurro à margem das constelações. E escorria ainda quente, as letras súbitas sendo o seu leito.

Sabíamos — por isso apenas nossos dedos se enlaçavam, como o único dizer que nos bastava. Não se responde ao vento, não se pode habitar a trepidação dos sentidos, o poema é uma ilusão de ótica. Talvez por isso, muitos carregavam correntes, empilhavam pedras e tentavam disfarçar o cheiro de almas apodrecidas.

E se estivéssemos mais perto, mesmo que não no espaço, como poderíamos ter ajudado? Oferecendo uma flor à gravidade e ao tempo com que nos desabam? Afagando as mãos de onde somente brotam espinhos?

A liberdade é uma coisa muito dentro. Nada é mais longe.

Desde que nos reunimos em milhares de centros, desde que a nudez se revelou em todos os seus farrapos, esse cotidiano conformado não é mais do que um pequeno contratempo.

Não espere. É inútil chamar. Algo de nós pousou no impossível, e ali mesmo há de permanecer, perene.


 

sábado, 29 de abril de 2023

Vamos cantar no escuro o tempo que escorre além de nossos olhos, 
Segurar as mãos e murmurar delicadezas e segredos e memórias 
Sob a Via Láctea, sob a Grande Árvore; 
Vamos dançar na noite os nossos corações sempre sagrados de criança 
E confessar o sonho que umedece os nossos lábios; 
Vamos saber a orvalho 
E gargalhar a ausência de mistério;

Vamos nascer de novo, nus e em lágrimas de comunhão e afeto 
E arder bem alto o fogo que se espalha em nossas peles 
Sob a Via Láctea, sob a Grande Árvore; 
Vamos beber o mel do nosso amor de divindades 
E reconquistar a eternidade sobre o grande altar do mundo, 
Vivos e encontrados, 
Com nossas duas solidões entregues;

Vamos nos vestir com o sopro distraído de uma flauta 
E reinventar a paz em nossos sonos enlaçados 
Sob a Via Láctea, sob a Grande Árvore; 
Até que o dia nos encontre exaustos e felizes e mais sábios 
De ter feito arte, dessa longa prece sem palavra ou juízo 
Que é o prazer das almas 
Numa mesma carne.


 


 

sábado, 22 de abril de 2023


 


 

Na praça, a velha estátua amanheceu 
coberta de trapos coloridos, 
como se fossem uma roupa nova.

De todos os cantos sempre à vista 
e de onde mais se esperaria 
vieram sedentos e curiosos 
inaugurar os remendos na estrada 
que ainda leva aos mesmos lugares.

Nas mãos de uma criança, o peso do mundo 
é do tamanho da ausência de voos, 
e é grande demais para os meus ombros.

(Embora às vezes o coração descanse.) 
Assisto ao crescer da grama, esse 
misterioso mar de milagres minúsculos, 
e assim, porque sussurro, 
ainda não sou percebido.

Mas se enxergassem uma flor nascendo entre 
os intervalos do concreto, e não a devorassem 
plastificada e com logotipos anexos, então 
quem sabe 
não fosse este um castelo em ruínas.

Um gélido torpor. 
Um não-mover sem ar puro.

Se de repente — Olha, um poema! 
Trazendo uma prova de explosões serenas, 
ecoando sem rumo nas paredes das celas, 
inundando os afogados em calor renascente e fluido, 
alvoroçando as cores das auras, até que 
todos fecham os olhos 
e o poema passa, 
e tudo o que era vivo passa 
e apenas recomeçam a ranger as engrenagens.


 


 

sábado, 15 de abril de 2023


(Diários de Machu Picchu #01)
Mas aqui, neste ponto exato das minorias, 
Não estamos autorizados a lamentar nada. 
Somos os únicos responsáveis, dizem, 
Pela realidade que nos estraçalha. 
(Não fale "a de que somos vítimas". 
"Vítima" é palavra proibida.)

Aqui, sendo a pessoa que sou, 
Nem estou autorizado a me dizer minoria, 
Quanto menos a lamentar o que seja. 
Perceba como selecionam com cuidado 
Quem pode empunhar armas nesta trincheira 
Para não correrem o risco de serem muitos 
E terem que lutar de verdade 
Pelas causas que supostamente defendem.

Aqui, no meio de incontáveis emoções e ciências, 
Mal estou autorizado a ter um coração humano 
E lamentar simplesmente porque sofro. 
Não há lugar no mundo para sofredores. 
Há vagas para um novo meme.

No fundo da minha alma que existe 
Não estou autorizado a lamentar coisa alguma, 
Por compromisso com a minha fé, 
Por gratidão pelo ar que respiro, 
Porque amanhã. Porque Deus. Porque o Cosmos.

Quem, eu me pergunto, 
Quem foi que autorizou a dor 
A continuar doendo?


 


 

sábado, 8 de abril de 2023

O fim.

Pousado sobre um travesseiro frio, na paz de um domingo ensolarado, entre uma taça e outra, no doce que amargou, em meio ao riso, nas estrelas dadas de presente, na poltrona ao lado, em duas caixas e uma mala, onde caiu a lágrima, nas novidades sem ouvinte, em um aceno vago.

O fim.

Pronunciado com a voz trêmula por alguém que daria tudo, que durou demais na eternidade para que possa entender, que ainda tem nas mãos uma rosa, que sabe de cor o caminho, que não tem toda essa força, que pediu tão pouco, que já está cansado, que ontem mesmo era tudo, que então nem imagina a razão.

O fim.

Provocado por enganos e fracassos, por abismos entre as almas, pela ausência de palavras, ou por um mar de palavras não ouvidas, ou por um oceano de palavras não compreendidas, por acaso, pela chuva à tarde, por um medo incurável, porque ninguém previa, só porque sim.

O fim.

Pontilhado por folhas secas no chão das praças, sobre a grama dos parques, nas margens dos rios, entre o meio-fio e o asfalto, nos quintais de casarões antigos, nos pátios de edifícios cinzas, nas escadarias de universidades, nas varandas, ao pé das árvores.

O fim.

Pontuado por um grande silêncio no interior dos táxis, das galerias de arte, de uma catedral vazia, de um coração em chamas, de um salão sem festas, dos elevadores cheios, de um cemitério à noite, de um jantar só para um, de uma carta não escrita, de um quarto escuro.

O fim.

Povoado de memórias ainda vivas em fotografias, nas páginas de um diário, no perfume de quem passa, em um por do sol alaranjado, em uma canção no rádio, em sabores de sorvetes, em filmes bobos na tevê, em sofrimento, em telefonemas adiados.

O fim.

Prolongado assim para além de si mesmo e para dentro de um completo despreparo para ele, atravessando todas as paixões mal ensaiadas, até rasgar a pele com um sopro suave, escorrendo em brasa como o sangue derramado, preservando o grito incompleto, preenchendo os intervalos entre qualquer esperança luminosa e mais um dia triste que nasce.

O fim.


 

sábado, 1 de abril de 2023



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EPÍLOGO

(Quando o foco sobre Mano está quase completamente apagado, Karina, no palco em frente, começa a tocar A Canção do Epílogo ao piano. Mano fica na penumbra enquanto ela toca a introdução, e a luz volta a se acender completamente quando ele começa a cantar.)

MANO
Não que me falte um motivo 
Não que o meu sangue não ferva 
Não que eu não perca a cabeça e não custe demais me conter 
Não que a esperança persista 
Não que ainda exista uma chance só 
De que nunca mais o ódio volte a vencer

Não que me restem mais forças 
... 
Eu nem sei o que resta de mim 
O que será que ainda pulsa? 
Por que será que ainda pulsa 
Assim tanto tempo depois do fim?

Eterno é o luto por sonhos 
Eterno é só que lembrar é voltar a doer 
Um coração? Não, escombros 
Deserto em que nada é capaz de nascer

Mas entre mágoas e culpas 
Mas nos destroços de tudo que amei 
Alguma coisa ainda pulsa 
Por que será que ainda pulsa? Eu não sei

Pra onde vou 
Pra que um horizonte 
Quem sabe quem sou 
Quem dirá por mim

Minha terra é o vazio e o silêncio 
O nada, o bem antes de tudo ser 
O meu lugar é por dentro e distante 
Sou menos, não mais do que se vê

Por que será que ainda pulsa?

Por que… pulsa?

Pulsa, pulsa 
Pulsa

Além, adiante, sempre, tanto, 
É um rio, um verso, as aves, ventos, 
Do céu, no chão, aqui, tão certo, 
Pulsa

Pulsa 
E só

(O foco sobre ele se apaga. A luz sobre Karina permanece enquanto ela toca as últimas notas. Com o silêncio, também essa luz se apaga.)

sábado, 25 de março de 2023



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(Em breve, epílogo.)
CENA 9

(A luz vai se acendendo lentamente sobre Pâmela, diante do microfone. A música silencia.)

PÂMELA, ao microfone: Eu disse isso antes, uma vez, mas… Eu… (Sai de trás do microfone.) Eu não quero falar nisso aqui, eu quero falar com… Eu quero… (Ao técnico de luz:) Você pode acender aqui? (Luz sobre a plateia.) Eu… Isso. Assim, eu quero falar com vocês. Eu disse isso antes, uma vez, mas pra outras pessoas e em diferentes circunstâncias, eu disse: "Eu só existo enquanto vocês estão todos juntos", não foi? Bom, eu realmente só existo porque vocês estão aqui, juntos. Mas agora, eu… Não tem. Não tem mais, acabou. Só tem eu, mas a personagem acabou, tem só uma atriz, eu. Já a personagem… Eu queria ter contado outra história pra vocês. Mas agora não tem mais história e eu preciso ir pra minha casa. A atriz, eu. Eu tenho que pegar três ônibus, eu tenho um filho pequeno em casa, um menino. Eu tenho que… ele tem cinco anos, eu tenho que contar uma história. A mamãe… tem essas contas pra pagar e amanhã de manhã bem cedo tem um espetáculo infantil com outro grupo, então eu vou sair mais cedo, eu vou… contar uma historinha sobre um príncipe, não, sobre um guerreiro, um gênio, um milagre… Eu… me desculpa, eu queria poder contar outra história. Pra vocês. Pro meu filho também. Eu queria poder continuar existindo. Mas é desse jeito, hoje vai ser desse jeito. É assim que está sendo. Não ser. Ser. Não ser. Ser.

(Escuridão.)

(Luz sobre Diogo e Karina, sentados lado a lado com o olhar distante. Silêncio.)

DIOGO: Então é assim. (Pausa.) O depois. O fim da jornada. O outro lado.

KARINA: Pra mim, este lugar nunca vai voltar a ser só uma praia. Sabe? Sem…

DIOGO: Fantasmas?

KARINA: É uma palavra quase indelicada.

(Pausa breve.)

DIOGO: Tem uma que não seja?

(Pausa breve.)

KARINA: É uma… cicatriz?

(Pausa breve.)

DIOGO: É o horizonte. (Pausa breve.) É, uma cicatriz.

KARINA, ao mesmo tempo: Uma cicatriz.

(Silêncio.)

KARINA: Eu, como sou uma pessoa organizada, já estou me programando pra só sentir falta de você às segundas de manhã, na Paniflix…

DIOGO: Hm… aquele pãozinho na chapa…

KARINA: Aquele pãozinho com manteiga na chapa e aquele duplo reforçado pra já ficar acordada a semana inteira. Aquele burburinho, o ruído dos carros na rua e depois a semana inteira querendo ouvir esse ruído aqui, de onda quebrando.

DIOGO: É… Esse ruído aqui.

KARINA: E de fantasmas.

(Silêncio.)

KARINA: Eu acho que era tudo o que restava pra eu dizer.

DIOGO: Eu vou sentir falta de te ouvir.

KARINA: Esse ruído?

DIOGO: Esse ruído.

(Silêncio. Karina se levanta.)

KARINA: Vem, vamos fazer uma selfie. (Os dois se juntam para fazer uma selfie.) Hashtag depois do fim.

(Escuridão. Som de câmera fotografando. Quando a luz se acende, Helena está no lugar de Karina.)

HELENA: Hashtag apenas começamos.

DIOGO: E algumas coisas não mudam nunca.

HELENA: Por exemplo?

(Pausa breve.)

HELENA: “O resto é silêncio”?

(Silêncio.)

DIOGO: Pro bem ou pro mal, será?

HELENA: Que o resto é silêncio?

DIOGO: Que algumas coisas não mudam nunca.

HELENA: É… Bom, sim, acho que a gente tem que se perguntar mesmo pra onde que leva não sair do lugar. Tanto pode ser bom quanto ruim.

DIOGO: E que o resto é silêncio?

(Silêncio.)

DIOGO: Tem sempre alguma coisa começando ou terminando também. Ou começando e terminando. Terminando e começando.

(Pausa breve.)

HELENA: Pro bem ou pro mal. (Puxa Diogo para perto.) Vem cá.

(Beijam-se. Escuridão. Quando a luz se acende, Ludo está no lugar de Helena. Ele e Diogo se afastam.)

LUDO: Então ela também tinha que citar Hamlet?

DIOGO: Como?...

LUDO: Ela disse que o resto é silêncio?...

DIOGO: Ah, sim! Você lembrou! Está funcionando bem!

LUDO: Não, tudo… você muda tudo.

DIOGO: Do que mais você se lembra?

LUDO: Que algumas coisas não mudam nunca.

DIOGO: Bom, isso não dá pra esquecer.

LUDO: É, sim, lembrar que algumas coisas não mudam nunca é uma das coisas que não mudam nunca.

DIOGO: Sim. E outra é que tem sempre alguma coisa mudando.

LUDO: Bom, hoje eu mudei meu status.

DIOGO, rindo: Ah, isso você não lembrou?

LUDO: O quê? Ela também?

DIOGO: E você não olha as redes sociais dela, não?

LUDO: Seria um auto-stalker.

DIOGO: Então agora, de acordo com a percepção pública, eu estou em um relacionamento sério com duas pessoas diferentes?

LUDO: Bom, todo mundo sempre soube que você era um pervertido.

(Beijam-se enquanto a luz se apaga. Luz sobre L, que mexe no celular. Durante sua fala, os telões vão mostrando o que ele vê no celular: redes sociais de Diogo, Karina, Ludo e Helena, as fotos com as hashtags que foram tiradas em cena, etc.)

L: Pervertido! Completamente. Sem a mínima vergonha. Olha aqui, "relacionamento sério"! Tem que marcar os dois, porque nem eles sabem direito quem é quem, né? Olha lá. "Sério", esse relacionamento é uma piada, né, esses dois aqui têm uma doença mental, não é possível. Quem que nasceu da mãe deles, será? O verdadeiro é o que nasceu, né, ou ele nasceu ele, ou ela nasceu ela, as duas coisas não dá. E essa outra aqui, coitada, a ex do tarado pervertido sexual, hashtag depois do fim, eu mereço. É uma coitada, essa vadia, olha que boquinha gostosa que ela tem. Ai essa boquinha me chupando… nossa, que delícia. (Vai colocando mão dentro da calça.) Que safada, essa vagabunda, você gosta de uma suruba, é, sua safada? Dá essa boquinha aqui… (Um cameraman entra em cena por engano, filmando o que acontece para transmitir nos telões, e L acaba percebendo sua presença, parando imediatamente o que estava fazendo.) Mas o que é isso, não existe mais privacidade, não? Já vem metendo a câmera onde bem entende, não tem respeito? Não sabe o que é respeito? Só pode, né? (O outro vai saindo e L vai atrás dele, xingando, enquanto a luz se apaga.)

(Luz sobre o microfone e Mano, que se aproxima lentamente. Ele para diante do microfone e fica olhando para o público em silêncio.)

(Longo, longo, longo silêncio.)

(As luzes vão se apagando muito lentamente.)

sábado, 18 de março de 2023

Aí eu reparei na ausência de objetos cortantes. 
Mas era um avião pegando fogo em pleno voo 
Os degraus do ego entre a piedade e a pena 
As pedras submersas 
Cadáveres e moscas e era a imagem do escárnio esculpida em gelo. 
Aí eu reparei que a minha inocência iria comigo à forca. 
No chão coberto de palha e nas paredes rabiscadas 
Era um trem descarrilhado o testamento de um mendigo 
Eram leões famintos águias era o quarto sem janelas 
Da pequena lógica dos cínicos. 
Aí eu reparei. 
Tuas lágrimas de sangue atrás de um vidro 
Os lábios se movendo sem que se pudesse ouvir 
Aquelas mãos erguidas cinco pétalas de não se alcançar 
Sem arrancar do coração uma ferida ardente. 
Aí. 
A aquarela dos finais felizes desbotou no livro 
As sombras do pra-sempre e meu amor eu juro 
Que tentei gritar conter dar meia-volta mas já era tarde 
Aquele mar de maravilhas terminava em um abismo. 
Nós 
Dois. 
Eu não parei a tempo.


 


(Diários de Machu Picchu #27)


 

sábado, 11 de março de 2023


 


 


 


 


 

Não pode o fogo nas nuvens 
O estrépito imóvel 
Uma catapulta de pétala

Não pode a contemplação ter açúcar 
Um rastro rasgar memórias 
O mar dentro da praça 
Tanta chuva em um só morango

Quase 
Sempre 
Assassinatos, roubos, abusos 
Uma farsa exaustiva, um deboche em voz alta 
Uma rua inteira de perversões 
Um vale de drogas pesadas 
Bem, aí 
Pode

Dependendo da cor da pele 
De qual é o seu nome 
Do que foi dado em troca

Quase sempre 
O que não pode é um bicho magro e sem dentes 
Que se pudesse 
Não faria nenhum estrago

O que não pode, enfim 
É um muro sem átomos 
É uma corrente atrás dos olhos

E eu tenho cá pra mim que 
O que não pode mesmo 
Muito 
De verdade 
É todo esse não poder 
Diante de infinitas 
Possibilidades