sábado, 1 de abril de 2023

EPÍLOGO

(Quando o foco sobre Mano está quase completamente apagado, Karina, no palco em frente, começa a tocar A Canção do Epílogo ao piano. Mano fica na penumbra enquanto ela toca a introdução, e a luz volta a se acender completamente quando ele começa a cantar.)

MANO
Não que me falte um motivo 
Não que o meu sangue não ferva 
Não que eu não perca a cabeça e não custe demais me conter 
Não que a esperança persista 
Não que ainda exista uma chance só 
De que nunca mais o ódio volte a vencer

Não que me restem mais forças 
... 
Eu nem sei o que resta de mim 
O que será que ainda pulsa? 
Por que será que ainda pulsa 
Assim tanto tempo depois do fim?

Eterno é o luto por sonhos 
Eterno é só que lembrar é voltar a doer 
Um coração? Não, escombros 
Deserto em que nada é capaz de nascer

Mas entre mágoas e culpas 
Mas nos destroços de tudo que amei 
Alguma coisa ainda pulsa 
Por que será que ainda pulsa? Eu não sei

Pra onde vou 
Pra que um horizonte 
Quem sabe quem sou 
Quem dirá por mim

Minha terra é o vazio e o silêncio 
O nada, o bem antes de tudo ser 
O meu lugar é por dentro e distante 
Sou menos, não mais do que se vê

Por que será que ainda pulsa?

Por que… pulsa?

Pulsa, pulsa 
Pulsa

Além, adiante, sempre, tanto, 
É um rio, um verso, as aves, ventos, 
Do céu, no chão, aqui, tão certo, 
Pulsa

Pulsa 
E só

(O foco sobre ele se apaga. A luz sobre Karina permanece enquanto ela toca as últimas notas. Com o silêncio, também essa luz se apaga.)

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