EPÍLOGO
(Quando o foco sobre Mano está quase completamente apagado, Karina, no palco em frente, começa a tocar A Canção do Epílogo ao piano. Mano fica na penumbra enquanto ela toca a introdução, e a luz volta a se acender completamente quando ele começa a cantar.)
MANO:
Não que me falte um motivo
Não que o meu sangue não ferva
Não que eu não perca a cabeça e não custe demais me conter
Não que a esperança persista
Não que ainda exista uma chance só
De que nunca mais o ódio volte a vencer
Não que me restem mais forças
...
Eu nem sei o que resta de mim
O que será que ainda pulsa?
Por que será que ainda pulsa
Assim tanto tempo depois do fim?
Eterno é o luto por sonhos
Eterno é só que lembrar é voltar a doer
Um coração? Não, escombros
Deserto em que nada é capaz de nascer
Mas entre mágoas e culpas
Mas nos destroços de tudo que amei
Alguma coisa ainda pulsa
Por que será que ainda pulsa? Eu não sei
Pra onde vou
Pra que um horizonte
Quem sabe quem sou
Quem dirá por mim
Minha terra é o vazio e o silêncio
O nada, o bem antes de tudo ser
O meu lugar é por dentro e distante
Sou menos, não mais do que se vê
Por que será que ainda pulsa?
Por que… pulsa?
Pulsa, pulsa
Pulsa
Além, adiante, sempre, tanto,
É um rio, um verso, as aves, ventos,
Do céu, no chão, aqui, tão certo,
Pulsa
Pulsa
E só
(O foco sobre ele se apaga. A luz sobre Karina permanece enquanto ela toca as últimas notas. Com o silêncio, também essa luz se apaga.)
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