sexta-feira, 17 de junho de 2016


Sou você.

Ouço teu coração batendo em meu peito quando fecho os olhos. Antes era uma selva escura, um pântano habitado por mágoas incontáveis, nada mais nascia. Tua mão segurou a minha, camarada, nos dias de maior desencanto.

Quando eu já quase morria, tão único a ponto de achar possível que eu não merecesse a Terra. Ao teu lado me deitei mais uma vez na grama – e as estrelas eram outras e multiplicadas. Tua voz ressoava em mim tambores, ventanias e cascatas. Como é nascer de novo com o mesmo nome em um mesmo corpo, oh sim eu pude vê-la quando ela voltou, a vida, os raios de luz de muitas cores e de imensas asas explodindo em risos, gritos, lágrimas de maravilhamento.

Você veio, meu querido irmão, sentou-se ao meu lado no alto das chapadas e falou com ternura sobre os pescadores em seus barcos no Rio São Francisco, e caminhou comigo nas areias quentes e continentais do Nordeste e nos cafezais de Minas, e bebeu comigo a água gelada que escorria das bordas celestes do Monte Roraima, e chorou comigo aos pés do Monte Pascoal onde os Pataxós amam ainda os povos extintos pela ganância europeia, e dançou comigo em bailes do Sul e em boates paulistas e nos carnavais cariocas e perfumou de pitanga as minhas matas e do alto dos arranha-céus me fez ver de novo os caleidoscópios da cidade – homens e mulheres de todas as idades, etnias, línguas, crenças, profissões e nacionalidades vieram repovoar a minha alma que era então inteira o teu amor que sempre esteve em mim, o meu amor que sempre esteve nos teus versos que eu ignorava.

Sim, serei leal enquanto vivermos.

Sim, eu te confirmo a Eternidade.

2 comentários:

Beti disse...

bom se todos tivessem um Camarada na sua vida...

Unknown disse...

Que lindo, meu irmão! ❤️