quinta-feira, 21 de julho de 2016

Estou farto de semideuses e discursos desligados da ação.
(Não sou menos culpado.)
(Eu era a encarnação de um buraco-negro.)
Na entrada de um prédio, lia-se em letras garrafais:

A ERA DA COMUNICAÇÃO REPRESENTA
O COLAPSO DE TODOS OS SISTEMAS DE PENSAMENTO

Estava coando um café numa tarde de sexta-feira, sentado sozinho no banco da praça, alimentando as caldeiras de um barco a vapor, na fila do supermercado vendo um grupo de jovens sair da balada no fim da madrugada de domingo quando a Jéssica agitou um jornal na frente do meu rosto e disse animada Ouça isto!

Tanto faz correr pra barra da saia da torcida de um time ou da esquerda ou direita nessa Guerra Fria Requentada, ou de uma religião ou de uma ciência, ou de uma gangue, desde que as afirmações do grupo continuem firmes o bastante pra garantirem ao indivíduo a ilusão de um mundo objetivo, consensual, como uma tábua de salvação em meio à tempestade solitária de experimentar a existência.

Antes de qualquer mudança concreta acontecer, veremos o esvaziamento de todos os discursos pelo seu confronto mútuo, e justamente por sua falta inerente de correspondência total com a realidade,

estou falando igual a eles, me pare. já somos muitos budas renascidos, muitos super-homens, muitos cristos. qualquer coisa que nos reduza a uma só coisa está fadada ao naufrágio.

_era absolutamente necessário que não fizesse nenhum sentido, em nome da verdade_ mas sim, amor, ternura, compaixão, blá blá_ pra todo o sempre: menos sectarismo, menos, menos_ não existem razões sólidas, as coisas ou são sólidas ou são razões, as conclusões me aborrecem_ era absolutamente necessário que o céu desabasse? não. só quando faltasse o chão_ o mundo regido por contas bancárias está condenado, sempre foi só uma questão de tempo_ espera um pouco, estou tentando me importar_ não consegui_ da última vez que fui feliz choveram pedras, foram vinte e cinco terremotos, trinta e nove tsunamis, setenta e dois vulcões entrando em erupção e doze mil anos de era do gelo_ dizem que o sangue é o preço de ter asas_ mas e se a terra for o paraíso de outro planeta?_ menos eu sei, blá blá blá blá só eu sei_ menos raivinhas, menos, muito menos_

Alguém me diz “Isto não é sobre você”,
mas desde que eu ouça, é, sim.
Alguém me diz “Você só pensa em você mesmo”.

É, sim.
(Mas é porque eu não tenho outro lugar onde pensar.)

3 comentários:

Anônimo disse...

????????????? Difícil...

Anônimo disse...

Pensamento colapsado...

Anônimo disse...

Buda já dizia que nem teus piores inimigos podem fazer tanto dano como teus próprios pensamentos! B