Era o teu nome, e o de mais ninguém. Riscado com giz na calçada, com um
graveto na areia da praia ou com o dedo no vidro embaçado. E em cada uma das
oitocentas páginas do meu caderno. O que era inútil, porque você não respondia.
A solidão descrevia um arco, arremessada desde o centro do teu silêncio imóvel,
e me atingia bem no peito, em cheio. Não havia mais nada nem ninguém a quem eu
quisesse pertencer. Sob o sol, a boca seca, levantei os olhos e encarei o grande
deserto que se estendia além, pra qualquer lugar. Fomos felizes uma vez, depois
fui triste, e agora há qualquer coisa de esperança em não querer olhar pra
trás. Ainda é teu nome, eu sei. Mas nem me lembro muito bem de como ele se
escreve, não depois que eu comecei a caminhar. Agora é só poeira, pedras, pés
cansados e a testa coberta de suor. Pura terra. Puro ir. Dura indiferença à
imensa falta que você virou.
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