sábado, 17 de setembro de 2016

Era o teu nome, e o de mais ninguém. Riscado com giz na calçada, com um graveto na areia da praia ou com o dedo no vidro embaçado. E em cada uma das oitocentas páginas do meu caderno. O que era inútil, porque você não respondia. A solidão descrevia um arco, arremessada desde o centro do teu silêncio imóvel, e me atingia bem no peito, em cheio. Não havia mais nada nem ninguém a quem eu quisesse pertencer. Sob o sol, a boca seca, levantei os olhos e encarei o grande deserto que se estendia além, pra qualquer lugar. Fomos felizes uma vez, depois fui triste, e agora há qualquer coisa de esperança em não querer olhar pra trás. Ainda é teu nome, eu sei. Mas nem me lembro muito bem de como ele se escreve, não depois que eu comecei a caminhar. Agora é só poeira, pedras, pés cansados e a testa coberta de suor. Pura terra. Puro ir. Dura indiferença à imensa falta que você virou.

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