Quanto
tempo espuma branca que se leva esse isopor pra borbulhar nas ondas –
hoje
dormi
umas horinhas à tarde e quando acordei não conseguia mais lembrar se era sábado
ou domingo.
Girassóis
no quintal, casas de barro e tua voz tem um traço de brisa, as gaivotas de Viña
del Mar, uma odisseia atrás de um abridor de latas – era sábado.
Era
um poema que você não ia gostar e que eu comprei de um estudante de Letras na
Praça da Liberdade, qualquer coisa muito cheia de xerez e entranhas, não dei
mais que duas moedas: mal pagavam o papel e a minha culpa.
Não
conseguia mais lembrar se estava em La Paz ou no mercado Ver-O-Peso, uma menina
muito negra com um vestido muito vermelho em frente a um muro muito azul,
chalanas do meu cântico escorrendo pela tarde e de repente a gente avista um
homem caminhando sozinho no deserto, a face de um deus na montanha, a mágica
Atacama, as silhuetas dos prédios contra a aurora dos milagres só nós dois
donos da noite e dos quintais e do asfalto e de repente ops derrubamos um anão
de jardim e sinto muito mas não vai ter cola mil que resolva. Então nós rimos,
rimos, rimos. Peço um café com chantilly e sorvete de baunilha, penso outra vez
na Jéssica, na morte da vontade dentro da casca de uma árvore e na droga de uma
música que fica repetindo eu sei que vou ver teu rosto outra vez e vejo a luz
do sol quase horizontal sobre os telhados de palha. Meus olhos de sertão não
choravam, minha garganta de sal mal soluçava até que finalmente me lembrei:
Era
a Bahia.
Brammm.
Bram
bramm.
Quanto
tempo espuma bramm brambranca.
Silêncio
uma canção de ondas quebrando brando bram.
Ei,
mundo,
não
quero mais brigar.
E não é só porque
hoje é sábado.
Um comentário:
Muito lindododo...
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