Veio uma chuva larga de verão. No fim da tarde. Depois o ar ficou parado
como se o tempo não existisse. Agora eu vou limpar essa bagunça com um sopro,
ela falou. As ruas estavam vazias como num domingo, e eu tinha um nó na
garganta que não era meu. Ternura, pensei, não é nenhum motivo de vergonha.
Olha agora eu vou fazer uma trança com as tuas lágrimas. Então era uma brisa
meio alaranjada, com pedacinhos de céu azul ainda no meio das nuvens. Só eu sei
o quanto me custou virar algumas páginas. Escuta, se a poesia estivesse morta,
quem teria morrido era eu. Mas não. Até já sei amar em vias de mão única. Pura
inocência, mesmo, e não porque nos faltem provas em contrário. O que chamam de
fragilidade é um brilho sólido expandindo. Pulsando, assim, no coração de
dezembro. Sob gotas mornas. Grossas. Esparsas.
Um comentário:
Sublime. Maduro. Perfeito.
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