Me sentindo o pior dos homens, muito mais que cem anos de solidão sendo arrastados pela madrugada, por tudo o que escuto com o canto do ouvido, reações tão desproporcionais, se fosse outra pessoa que dissesse o que eu digo ou fizesse o que eu faço ela seria aceita eu sei, três ou quatro horas da manhã no centro de Belo Horizonte me sentindo o pior dos vira-latas nem um pouco belo e horizontes onde, só com um maço de cigarros no bolso e umas poucas moedas, ainda assim reduzi o passo quando virei a esquina e tinha um cara andando a uns poucos metros de mim, indo na mesma direção que eu mas né nunca se sabe né melhor assim, fiquei mais preocupado ainda quando ele parou, olhou pra trás e esperou que eu me aproximasse, lá se foi minha vida por causa de um par de botas? mas não era nada disso e logo que eu cheguei ele me perguntou Você está dormindo aqui? e reparei no degrau da loja em frente à qual a gente estava, trapos sujos, um colchão de papelão, falei que não e continuei andando aí escutei ele dizer Desculpa, sim, Desculpa, ele falou Desculpa, se você for ver não tinha nada na atitude dele precisando de desculpa e mesmo assim sei lá, me sentindo qualquer outra coisa respondi Beleza ou Tudo bem não lembro agora tanto faz e fui adiante com a certeza de que eu desculpava, sim, mas não era ele, e na verdade eu nunca soube muito bem o que.
Um comentário:
gentileza gera gentileza, onde menos se espera. Interessante.
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