Por trás da nuvem de fumaça, o rosto, o olho, a alma – a noite que
atravessa a vidraça e encontra o cigarro aceso – multidões querendo sangue,
hordas de guerreiros nas calçadas, lobos salivando à porta – Por trás da nuvem
branca há um gemido de angústia engolido sem pressa, uma esperança de flor numa
terra pisada – vermes, fantasmas, anjos pintados com giz e uma lembrança sem
maquiagem – livros saturados de palavras – inúteis considerações binárias – Por
trás desta nuvem de fumo ainda resiste um nome, uma pele, a passagem – a poeira
do asfalto e dos pneus de borracha – no prédio em frente, três tevês ligadas em
um mesmo filme – Por trás da nuvem de fumaça (não se vê) há qualquer coisa que
só quer ser nada
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