sábado, 15 de abril de 2017

Por trás da nuvem de fumaça, o rosto, o olho, a alma – a noite que atravessa a vidraça e encontra o cigarro aceso – multidões querendo sangue, hordas de guerreiros nas calçadas, lobos salivando à porta – Por trás da nuvem branca há um gemido de angústia engolido sem pressa, uma esperança de flor numa terra pisada – vermes, fantasmas, anjos pintados com giz e uma lembrança sem maquiagem – livros saturados de palavras – inúteis considerações binárias – Por trás desta nuvem de fumo ainda resiste um nome, uma pele, a passagem – a poeira do asfalto e dos pneus de borracha – no prédio em frente, três tevês ligadas em um mesmo filme – Por trás da nuvem de fumaça (não se vê) há qualquer coisa que só quer ser nada

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