sexta-feira, 25 de agosto de 2017





desde o centro, à margem do rio, a cidade se alonja pro alto das montanhas / e do alto de todas elas pode-se ver a cidade esparramada como um polvo / como um pântano de concreto / agarrada à superfície de um mar de altas montanhas verdes / ondas recortadas de gramados árvores e plantações de milho / cidade que eu vi crescer / desenhar quadradinhos de asfalto em volta da terra nua / onde antes era apenas natureza entregue ao tempo e a si própria / (e não que agora já não fosse / natureza de cimento e aço e de pessoas que aqui moram ou que daqui vêm e se vão pela razão que lhes caiba / entre os postes elétricos e a mata) / antenas de rádio alfinetando o céu / sombra de nuvens na memória de tantos domingos à tarde / minha pequena / grande / eterna cidade / a que me viu crescer / morrer / crescer de novo / alma querida de minha história / cidade navio à margem / ensaiando-se pro alto / prédios / montanhas / asas

Um comentário:

Unknown disse...

Lindo, Roger!! ❤️