sábado, 2 de setembro de 2017

Campomanso, 25 de julho de 2012

Débora;

Encontrei uma foto tua de muitos anos atrás e fiquei um tempão olhando pra ela e chorando, desculpa, não tinha como evitar. Queria conseguir ser sempre um poço de energias positivas, especialmente pra você, mesmo que a gente saiba que não é assim que funciona. Fiquei pensando em explicações pra estar tão longe, explicações pra não ter estado mais perto quando era possível, explicações, explicações. Fiquei procurando um jogo de palavras, alguma coisa engraçada, qualquer comentário banal sobre o clima ou o que fosse mas que pudesse expressar esse carinho eterno infinito incondicional que tenho por você. Tantas lembranças boas, minha querida. Tanta saudade, tanta.

Ainda acompanho as tuas notícias pela internet, aqui e ali, um quebra-cabeça incompleto, peças soltas que espalho pra ficar olhando como se eu ainda fosse parte da tua vida e a qualquer momento você pudesse entrar por aquela porta e me perguntar sei lá, que vestido usar na festa, ou se eu acho que você deveria namorar com Pedro ou com Paulo, ou se eu gosto de refrigerante de uva, ou se eu me lembro de quando cantamos no karaokê ou da noite em que cheguei bêbado na tua casa e quebrei a tua coruja de porcelana. A vida é cheia de trama, minha querida, e eu poderia jurar que um mundo de maldades e mal-entendidos se infiltrou entre nós dois desde a última vez em que nos vimos, mas não queria ter que derramar veneno só pra te prender a mim, e prefiro acreditar que sou eu que estou enganado quando juro assim que um rancor alheio te levou pra bem mais longe do que uma distância no espaço poderia. Estar preso a você, da minha parte, não custa nada: a saudade não é uma tristeza de trevas. Em todo o Universo, não existe força capaz de obscurecer esse amor que lhe tenho.

Amor só amor, como quando chove e não é nenhuma tempestade nem uma garoa fina e fria nem a fúria dos céus nem vontade de dormir até mais tarde nem nada: é simplesmente água caindo em gotas.

2 comentários:

Anônimo disse...

muito lindo..

Jan disse...

ler o qur você escreve oxigena minha alma