sábado, 3 de março de 2018

Esses arcos coloridos na grama do parque. Córdoba, Argentina, um sábado qualquer em 2009 ou 2010. Fomos passear com as crianças e encontramos a Paola e o Gustavo, a Paola estava sentada num desses arcos. Eles tem alguma coisa a ver com o tempo, cada um deles tem o número de um ano gravado, 1896, 1897, e assim por diante. Não sei em que ano começa e em que ano termina. É um túnel do tempo e a Paola estava lá e a gente foi falar com eles e o Gustavo contou que ela estava grávida, as crianças ficaram animadíssimas. Gustavo disse que ele e a Paola estavam felizes, a gente viu, nem precisava ter dito. Falamos de como estava sendo a vida em Córdoba, das crianças, das saudades do interior. A tarde estava quase no fim, as crianças cansaram de correr pelo túnel do tempo e a gente foi comer um pancho ali perto. A Paola puxou uma conversa sobre universos paralelos, uma história de cientistas que levavam essa ideia a sério e dos que inventaram uma teoria que tem alguma relação com isso chamada teoria das cordas, ou eram supercordas. Rendeu um bom tempo essa conversa, minha mulher adorou, até as crianças prestaram atenção. Gustavo brincou dizendo que morria de medo de dormir uma noite e na manhã seguinte acordar num universo paralelo em que ele fosse chileno ou brasileiro ou coisa pior, se é que existe coisa pior que brasileiro. E a Paola falou Sei lá, depende do brasileiro. A nena dormiu antes de chegarmos de volta ao carro, bem na hora que se apagava o último restinho de luz do dia, e a gente voltou pra casa todo mundo em silêncio, cinco universinhos paralelos no carro mergulhados no ar de sono, de sonho e de cidade.

Um comentário:

Jan disse...

as vezes eu esqueço como você é ótimo, aí você vai lá e escreve e eu lembro.