Esses arcos coloridos na grama do parque. Córdoba,
Argentina, um sábado qualquer em 2009 ou 2010. Fomos passear com as crianças e
encontramos a Paola e o Gustavo, a Paola estava sentada num desses arcos. Eles
tem alguma coisa a ver com o tempo, cada um deles tem o número de um ano
gravado, 1896, 1897, e assim por diante. Não sei em que ano começa e em que ano
termina. É um túnel do tempo e a Paola estava lá e a gente foi falar com eles e
o Gustavo contou que ela estava grávida, as crianças ficaram animadíssimas.
Gustavo disse que ele e a Paola estavam felizes, a gente viu, nem precisava ter
dito. Falamos de como estava sendo a vida em Córdoba, das crianças, das
saudades do interior. A tarde estava quase no fim, as crianças cansaram de
correr pelo túnel do tempo e a gente foi comer um pancho ali perto. A Paola
puxou uma conversa sobre universos paralelos, uma história de cientistas que
levavam essa ideia a sério e dos que inventaram uma teoria que tem alguma
relação com isso chamada teoria das cordas, ou eram supercordas. Rendeu um bom
tempo essa conversa, minha mulher adorou, até as crianças prestaram atenção.
Gustavo brincou dizendo que morria de medo de dormir uma noite e na manhã
seguinte acordar num universo paralelo em que ele fosse chileno ou brasileiro
ou coisa pior, se é que existe coisa pior que brasileiro. E a Paola falou Sei
lá, depende do brasileiro. A nena dormiu antes de chegarmos de volta ao carro,
bem na hora que se apagava o último restinho de luz do dia, e a gente voltou
pra casa todo mundo em silêncio, cinco universinhos paralelos no carro
mergulhados no ar de sono, de sonho e de cidade.
Um comentário:
as vezes eu esqueço como você é ótimo, aí você vai lá e escreve e eu lembro.
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