(comece
pelo 2o parágrafo, volte para o 1o e depois pule para o 3o e siga adiante)
- como
aquele menino é parecido com o Fabiano, e aquela moça é igualzinha à Cristina
quando tinha dezesseis, e que saudade da Cristina aos dezesseis, e do Fabiano,
e de todos os passados bons que tive, e de outros que inventei, saudade que às
vezes é um sopro suave já passa, às vezes é ter o coração arrancado a unhas às
seis horas da manhã, quando o despertador toca. <///>
- etapas
da cidade, a cor do céu sobre o asfalto em ruas comerciais e
residenciais várias quadras de cima abaixo aquela distância do horizonte no
Planalto Central meio verde meio já Goiás e meio ainda DF. Semanas inteiras
pensando em cachoeiras de Pirenópolis ou da Chapada, aquela água fria no verão
sem chuva, Jardim Céu Azul, uma igreja em construção da poeira vermelha, o fim
da linha de um ônibus, apenas uma quarta-feira. Aqui teu sonho é muito branco,
muito burguês – imaginei que diriam os olhos daquele menino, e como aquele
menino é parecido com o Fabiano...
<///>
– Aqui é a Terceira Etapa? – perguntei. – Céu Azul? – O menino me olhou com uma
cara que parecia que era um raio x com um detector de metais e
de mentiras mais uma investigação completa da minha vida, e tudo isso só me
olhando.
Dez horas
da manhã e eu me lembrei do jeito que a Cristina cantava Asa Branca.
Este planalto é o sertão, longe demais de tudo.
E eu gosto, não gosto, não entendo. Aquela praça ali parece uma de Porto
Alegre, aquele prédio parece um outro em que eu morava em BH. Aqui meio que é
todo mundo estrangeiro, mas meio que nem todo mundo é. O horizonte grande
demais também oprime às vezes; estranhos familiares ainda são estranhos; nem
tudo são cartazes de boas-vindas. Tenho que caminhar talvez mais alguns
quilômetros, e faz muito calor, mas o menino confirmou que estou no bairro
certo – meio resmungando, sem desfazer a expressão de desconfiança, mas
confirmou. Jardim Céu Azul em Valparaíso de Goiás, no auge do verão. Algumas ruas
acima, estarei no Distrito Federal, hoje só um palco de comédias tristes com roteiristas esnobes. No calor do cerrado. Tão no centro de tudo, dentro demais de tudo.
E ainda. Tão. Longe.
Um comentário:
Volte! Beti
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