sexta-feira, 4 de maio de 2018

mas com que esperança, ou com o quê?
(pra onde estou indo?, perguntei
e quando levantei os olhos vi:
teu olhar repousando em mim)


o desejo, afinal,
(sussurrei pra ninguém no escuro daquela noite)
o desejo, afinal, é só uma das muitas faces do amor
– e eu te vejo se espalhando em todos os espelhos

devagar
e viva
de uma semente recém posta sob a terra
espreguiçando em direção à superfície a sua metamorfose milagrosa

de uma serenidade atenta
de uma avidez atenta
lentamente
reconhecendo

ao redor do meu discurso anárquico
no coração da minha dispersão cansada
teu rosto, aquele
ponto

exato
(no vasto horizonte)
em direção ao qual, sem notar
tenho sido

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