sábado, 30 de junho de 2018

Tinha essa mancha de sol na grama, folhas, frio – sobras do outono – e pássaros. Já não se usava andar de pés descalços e muito se falava sobre urgência e desperdício. Você vê: tinha o poente e casais de mãos dadas, e assovios e gritos dos desesperados e saudades passeando e era sábado. Você bem sabe. Ninguém voltaria a tempo de encontrar-se. Tinha esses ruídos e cores que se enfrentavam. Já não se acreditava mais em melodias e em palavras – sim, sobretudo não se acreditava nas palavras – tinha aquela mancha de sombra das árvores sobre a grama e tinha pedras e tinha barro. Você quer muito ser o sonho bom? Você percebe tudo o que se perde no intervalo? Sim, era sábado, tinha esse tom de alguma coisa às claras, mas ao mesmo tempo um de viver às cegas. como uma brisa fria. como uma andorinha só, fazendo inverno.

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