domingo, 17 de junho de 2018

Tinha quebrado um vaso, tinha cacos de vidro no chão e bem naquela hora o nenê tava chorando de um jeito que parecia que o mundo ia acabar pra ele o infeliz, e era uma jovem de cabelos negros e longos debruçada à janela com um vestido de flor e tinha água, não sei, tinha muita água pelo chão, nuvens cor de chumbo escureceram o céu mas perto do horizonte ainda tinha algum azul, e espelhos giravam e cabelos ruivos e gêmeos e aposentos reais num castelo alguém dizendo adeus ou coisas sábias, houve um tempo, talvez, houve um longo intervalo de tempo, tecidos dourados, uma menina triste aconchegada no colo do avô, o peso de uma ausência, como agora, esses vazios que há nas mensagens de voz ou vídeos sem verdades, telefones que não tocam e aquela velha impressão de estar pagando pelos erros do mundo todo quando acaba a tinta, o tom, a tela, tinha um pincel pousado inutilmente e tinha um coração desencantado e tinha um mar, ou mais ou menos, ou então era um daqueles dias em que não se via nada.

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