Tinha quebrado um vaso, tinha cacos de vidro no
chão e bem naquela hora o nenê tava chorando de um jeito que parecia que o
mundo ia acabar pra ele o infeliz, e era uma jovem de cabelos negros e longos
debruçada à janela com um vestido de flor e tinha água, não sei, tinha muita
água pelo chão, nuvens cor de chumbo escureceram o céu mas perto do horizonte
ainda tinha algum azul, e espelhos giravam e cabelos ruivos e gêmeos e
aposentos reais num castelo alguém dizendo adeus ou coisas sábias, houve um
tempo, talvez, houve um longo intervalo de tempo, tecidos dourados, uma menina
triste aconchegada no colo do avô, o peso de uma ausência, como agora, esses
vazios que há nas mensagens de voz ou vídeos sem verdades, telefones que não
tocam e aquela velha impressão de estar pagando pelos erros do mundo todo
quando acaba a tinta, o tom, a tela, tinha um pincel pousado inutilmente e
tinha um coração desencantado e tinha um mar, ou mais ou menos, ou então era um
daqueles dias em que não se via nada.
Um comentário:
Foda.
Postar um comentário