terça-feira, 20 de novembro de 2018

Eu me feri porque fui humano, ainda cometo muitos erros, nem sempre há esperanças, nem sempre nada me contém. Mas me deixe esquecer disso tudo hoje à tarde, eu sei do que e do quanto eu posso ser, aceito o que não tenho, não te peço amor, não te peço que me faça deus, nada vai mudar o fato de que eu sangro. Perdi porque estive sempre à procura, morri todas as vezes que as minhas forças me deixaram, de vez em quando, só, foi que depois de morrer encontrei outras. Não penso que estar vivo é um fardo, ofereço o melhor que posso, às vezes até mesmo tudo que possuo. Agora me deixe quieto, não tente, as águas estão sujas pelos que passaram revirando a terra do fundo, a ventania meio que despetalou o meu telhado, algumas sementes não vingaram, frutos apodreceram, corações demais foram despedaçados. Só me deixe em qualquer canto, não importa, a salvação é essa e eu não preciso de mais nada, mas te agradeço se ficar por perto. Mas te agradeço se me fizer uma prece, assim como agradeço pelo tom exato de silêncio. Lá fora é um engano, uma queda, o meu corpo inteiro é um grande desencanto. Não quero. Não minto. Falhei porque sou homem, estou chorando porque já não sou criança. É inevitável, eu sei, bem mais do que um direito. Mas, mesmo assim, qualquer perdão é um descanso.

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