segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

aceito o vinho. e uma partida de palavras cruzadas. a gente decide, cara ou coroa, teu assunto ou o meu. posso passar horas te ouvindo falar, horas mesmo, dias inteiros, toda a quaresma. e posso te ensinar um truque pra sempre pegar o triplo valor da palavra. cara ou coroa, teu jogo ou o meu, às vezes tem paciência até pra um jogo de cartas, mais vinho, um dia a gente chega em becos sem saída cheias de verdades dolorosas demais pra saberem ser faladas em voz alta, um dia a gente engata numa discussão desnecessária sobre uma bobagem que não interessa a mais ninguém, um dia a gente chega no eu não quero nem olhar pra cara desse aí, mais vinho, me diz se você ainda pensa que mudar o mundo já perdeu a graça, me conta o que você pensou, mais vinho.

sabe, ninguém tá nem aí pros nossos cachorrinhos de apartamento, pra quanto custaram alguns troféus de guerra, pras figurinhas repetidas dum álbum que ninguém mais tem. mas eu pediria emprestadas umas revistas em quadrinhos, anotaria uns nomes pra pesquisar mais tarde, perguntaria como é que se fala é eu explodo ou eu expludo. ninguém tá nem aí pros porta-retratos da minha prateleira, pra quando eu atravessei desertos ensolarados, pra tanto mundo que eu vi, pra cicatrizes de bala.

mas acho que eu diria pra você tirar um tempo e assistir tal filme, ouvir aquela banda ou ler um livro ou outro que falasse sobre isso, talvez eu resumisse um livro, talvez eu lesse uns parágrafos.

mais vinho.

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