As margens ásperas ferem o rio.
O tempo se atrasa, ou já estaríamos salvos.
A expressão no seu rosto diz "você perdeu"
Porque não poderia dizer "você está errado".
Os trapos de que me visto, as antenas agitam
O ar espalhando só mais ódio.
Nossos heróis se alimentam.
Oh sim nos ensinem, aprendemos tudo errado como sempre.
Manchas de dor na calçada.
Meus dedos estão quebrados, a fé, remendada
Com goma colorida, um sopro poderá parti-la.
Por que nos desampararam?
Um céu
Rasgando as asas de crianças assustadas.
Mas são os homens, não Deus,
Que riem enquanto destroem.
Nossos sentidos jorram.
Almas, canções, delicadezas destroçadas
Pela lei mais preguiçosa do mais forte.
Alegrias reduzidas ao ridículo.
Nós no palco de um circo, todos os derrotados.
Depressa! Eles querem se lembrar de como era ser humano
Antes de toda essa farsa de modernidade e de
mercado.
Depressa! Andem! Derramem ao menos uma lágrima.
(Mas não gostarão dela de verdade.)
Os séculos lamentam o rumo que tomaram.
E lamentamos nós, é claro que lamentaríamos.
Mas em voz muito baixa, agora, que é pra não acordar
os corvos.
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