Do alto de sua arrogância você diz mais uma vez
‘Você não é nada’, e nunca lhe ocorreu que alguém possa pensar
Que se “ser alguém” significa ser igual a você
É preferível ser nada
Em seu conforto você fala que sou eu o vagabundo
Enquanto não respeito uma só gota do suor que você derrama
Contando a grana que recebe
Do suor dos outros
Quantas milhas você percorreu nos cafezais, quantas
Boias frias já almoçou nos canaviais, em que setor da fábrica
Repetiu dia a dia os mesmos gestos, qual caminhão você guiou na estrada
Até tomar o cafezinho em sua sala?
São meus irmãos lá fora
E não é esforço que lhes falta
Nem há oportunidades de sobra
Há inércia, há estupidez e olhos cegos
De indiferença
Mas quantas pedras foi você que carregou
Pra construir o seu castelo entre as muralhas?
Não é com sua força que ele não desaba
Nem você
Você depende de um milagre químico qualquer
Em cápsulas, ou envelhecido em carvalho
Mortificando o coração que sabe
Pra conseguir chegar aqui, do alto de sua arrogância
Me exigindo sacrifícios e obediência cega
Enquanto apodrece escondido em seu Sempre-Foi-Assim
Essa razão que eu vomito
E pensa
Que a sua alma é boa, grande e generosa ainda agora
Que promove apenas medo e sede de sangue?
E pensa
Que há menos miséria, ridículo e insignificância
Quanto mais dinheiro você guarda?
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