terça-feira, 20 de agosto de 2019

Se aquele silêncio me engolisse. Aquela imensidão de ser nada ou de tanto fazer, porque é uma palavra muito grande "acolhimento", desaparecer evaporado, ou liquefeito, fim. Sempre que você levanta a cabeça, encara o fato de que tem que andar, não importa o que sangre, e sangra, os músculos nem sempre acordam, dias inteiros se vão enquanto uma interrogação perpassa todos os impulsos. Chacais, aves de rapina e serpentes espreitam, lágrima é pedra, acho que tudo é. Será outro peso acusar a si mesmo, ou sentir raiva ou pena, ou invocar algum herói submerso e destruir o que depois será você mesmo quem terá que refazer do nada, a milhares de anos-luz de que alguém se importe. Ficar, ser apagado por um sopro, um contínuo pensamento de paisagem que não sabe nem pergunta a sua razão de estar sendo, se aquela terra me assimilasse, ou nuvem ou lava, abraça a minha recusa a este mundo de raivas e cegueiras que só não duvidam de si mesmas, ainda que "abraço" seja pedir muito. Às feras, dores de feridas; para quem já secou, água de rio, até não existir mais margem, por toda e qualquer alegria que possa caber em não ter nome algum, e porque sim e adeus, é tudo embora.

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