Tudo
estará bem enquanto você adorar os semideuses certos. Eles terão rios de
dinheiro, milhares de seguidores, livros sérios publicados, armas de fogo,
fogo, vocação para o escárnio. Desde toda a eternidade, afeto é uma fraqueza e só
com violência se responde ao fato de que somos todos igualmente vulneráveis. Vão
brigar pelo direito à exclusão com muito mais empenho do que para erguer moradas.
Uma vez que te aprisionem sob um rótulo, não demorarão a te esquecer enquanto
abraçam monstros bem maiores, enquanto aplaudem atitudes bem mais baixas. E,
sobretudo, estarão prontos para te ferir a cada vez que lhes pareça de passagem
que você está errado, mesmo se você não estiver errado.
Agarram-se
a preconceitos
Agarram-se
à intolerância
Agarram-se
desesperadamente
Ao
desejo de agredir
Adoram-se
em negação ao outro
Idólatras
de espelhos
Indigentes
indiversos
Fantoches
do medo
Podem
dar a explicação que quiserem para não abrir as portas quando alguém bate, mas
suas explicações ainda serão portas fechadas. Podem destruir sem piedade os
sonhos mais iluminados de um mundo bom, mas não podem culpar por isso nada além
do fato de já não sonharem. Podem lutar, tanto quanto lutam como bestas
digitalizadas, cumprindo alguma fantasia egoica de missão divina, purificadora,
revolucionária. Mas sempre que derramarem sangue em nome de valores elevados, ficarão
mais próximos de se tornarem seus inimigos que de tê-los derrotado.
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