segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Tudo estará bem enquanto você adorar os semideuses certos. Eles terão rios de dinheiro, milhares de seguidores, livros sérios publicados, armas de fogo, fogo, vocação para o escárnio. Desde toda a eternidade, afeto é uma fraqueza e só com violência se responde ao fato de que somos todos igualmente vulneráveis. Vão brigar pelo direito à exclusão com muito mais empenho do que para erguer moradas. Uma vez que te aprisionem sob um rótulo, não demorarão a te esquecer enquanto abraçam monstros bem maiores, enquanto aplaudem atitudes bem mais baixas. E, sobretudo, estarão prontos para te ferir a cada vez que lhes pareça de passagem que você está errado, mesmo se você não estiver errado.
Agarram-se a preconceitos
Agarram-se à intolerância
Agarram-se desesperadamente
Ao desejo de agredir
Adoram-se em negação ao outro
Idólatras de espelhos
Indigentes indiversos
Fantoches do medo
Podem dar a explicação que quiserem para não abrir as portas quando alguém bate, mas suas explicações ainda serão portas fechadas. Podem destruir sem piedade os sonhos mais iluminados de um mundo bom, mas não podem culpar por isso nada além do fato de já não sonharem. Podem lutar, tanto quanto lutam como bestas digitalizadas, cumprindo alguma fantasia egoica de missão divina, purificadora, revolucionária. Mas sempre que derramarem sangue em nome de valores elevados, ficarão mais próximos de se tornarem seus inimigos que de tê-los derrotado.

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