quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Teus olhos não sabem contar a que profundidade você foi, mas é um lugar onde a dor não respira. Alguns séculos passaram no teu rosto. Dentro de um mergulho, a leveza é estar envolvido por algo mais pesado que o ar, mas pelo menos em silêncio. A solidão é uma sombra produzida por tua própria chama, transborda, eu poderia tocar ainda que você se lembrasse de me ver aqui fora e sorrisse, disfarçada. Nada pode te alcançar ou te trazer de volta. Meu coração é o que aperta, eu que já estive tantas vezes nesse mesmo lugar, te adoro muito mais do que sou capaz de curar ou conter, só me cabe guardar a distância com esse gosto amargo na boca, esse nó na garganta. Tantos mundos desabam por dia. Pedacinhos de alma somem pra sempre, soterrados. Tua expressão é somente um quadro que retrata a névoa, canções melancólicas ecoando ao longe. E, ainda assim, beleza triste e noturna, você é perfeita perdida em si mesma, tanto quanto é perfeita encontrada. Eu, por mim, posso te olhar vidas inteiras, a mão estendida à espera de que você desperte ao meu lado, no centro de um universo expandindo, no vento insone, em delírio, em tudo. Em todos os casos.

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