Você
tem me dado apenas ecos. Pedaços de fantasmas que atravessam meu caminho. Não
conta como se algo acontecesse. Já me cansei de implorar aos deuses, de fazer o
melhor que posso, das ruas históricas de Tiradentes e de turistas que seriam os
primeiros a aplaudir o enforcamento desse mesmo Tiradentes se vivessem na mesma
época que ele. Mas a cachaça mineira, ah, sim, e todas essas feiras
gastronômicas. Acho só que eu não tenho nenhum amigo gente. Ontem, numa praça,
alguma coisa fria e úmida tocou de repente em minha mão esquerda e, quando fui
olhar, gostei tanto que até tirei uma foto com meu celular, olha
O resto são cartazes de “Não fazemos trocas”. O alto daquelas montanhas, ao longe, quão longe você acha que leva. Você tem me dado apenas vácuo, tem sido só como se o vento brincasse de adivinha, e eu quero ser visto como um igual, mas a igualdade é uma fraqueza que ninguém suporta. As pedras do calçamento, a estrada de um rei que morreu, e hoje, do outro lado da cidade, conheci outro cachorro, igualzinho à fêmea da fotografia, mas com os olhos castanhos. Não falei nada a ninguém, achei que não era importante. Mas o dono do cachorro decidiu contar a história de quando o viu pela primeira vez, ainda filhote, e disse que na mesma ninhada tinha uma fêmea idêntica a ele, mas com os olhos azuis.
Você
não tem me dado nem uma gota da atenção mais rasa. O cachorro, acho que
entendeu que estávamos falando nele, lançou um olhar comprido em minha direção,
me senti na obrigação de falar “Tua irmã te mandou lembranças”.
Pro
teu desprezo, sim, apenas pro teu escárnio. Tenho sido o menor e mais sem razão.
A independência é uma grande afronta, algo em mim é pior que a ideia de
república pra interesses que ainda nem chegaram ao século dezenove. Mas neste caso,
a solidão não é algo pelo que eu deva me sentir culpado. E eu poderia estar morrendo
por bem menos, a verdade é essa, eu poderia simplesmente não estar tentando nada.
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