Meu sonho em si que não tem voz nem vez
Sem sono espreita-me no fim da estrada.
Já foste tudo e já não foste nada,
Um “sim-não-sim” que não é bem talvez.
A grande espera que se redesfez,
Que era futura e não será passada,
Fará de mim a história mal contada
Que eu não contei e é bem o que não vês.
Desse não-rosto ficam os retratos.
Meros fantasmas da ilusão desperta
Que me enlouquecem, sérios e inexatos.
E o sonho em si decifra-me, devora
Toda a esperança e, da janela aberta,
Mostra-me o sangue de uma contra-aurora.
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