entra
poeira da rua pela porta aberta. amanhã tem que comprar um- ah, droga, esqueci
de pagar outra conta, de novo. já seria difícil sem nenhum idiota vomitando
opiniões porcas no meu caminho, mas parece que é disso, agora, que os caminhos
são feitos. rezar pelo silêncio dos fins de semana. não é o sofá mais
confortável do mundo, mas é o bastante pra uma tarde de domingo. as janelas
tremem quando o trem passa duas quadras lá adiante. ainda falta preparar o
almoço, mas só quero pensar nisso depois das três e meia ou quatro horas. ou
cinco. ainda tem uns filmes legais pra assistir, pelo menos. esmagado, é assim
que eu me sinto, não exausto, não despedaçado, preso, não, nada disso, eu me
sinto esmagado por essa merda toda que insistem em jurar que é o único jeito, porque
é assim que foi sempre. não, seus merdas, é a gente quem decide como são as
coisas e- ah, esse protesto ridículo. um sopro muito leve no meio do tumulto.
numa rua esquecida de um bairro esquecido de uma cidade surda em um dia de (risos) descanso. em qual dessas gavetas
eu guardei meu coração, era pra hoje. deixa eu ver, deve estar por aqui, pronto,
encontrei. esmagado.
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