quarta-feira, 11 de março de 2020

Todos os portos, todos os aeroportos são iguais, rodoviárias e estações com suas televisõezinhas de partidas e chegadas, anúncios de colares-travesseiros, estufas com pães-de-queijo, armários, homens e mulheres de coletes, malas com rodinhas, carrinhos pra levar as malas com rodinhas, rodinhas, campainhas e companhias, rodinhas, relógios, mãos acenando e lágrimas em plataformas de embarque.

Todos os barcos, ônibus, todos os trens e os aviões sobre os seus trens de pouso são iguais, bancos de couro imitando couro, as manchas de sol e sombra dançando em todas as superfícies, as suas televisõezinhas com programações duvidosas, os dedos indo e vindo nas telas dos celulares, os olhos indo e vindo na paisagem, sono entrecortado e o pescoço de mal jeito, as costas de mal jeito, as pernas de mal jeito, estranhos com conversas estranhas e biscoitos distraindo a fome, mantas, memórias, mãos acenando e lágrimas correndo nas janelas.

Todas as partidas, todos os caminhos e chegadas são iguais.

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