por que ainda estou ouvindo essa gente? quando olhei pro lado, alguém
importante já não estava mais lá. houve um tempo em que era tão fácil a certeza
de sentirmos amor, agora uma longa interminável tentativa de cura. nunca, jamais
se permitir a falha imperdoável de não levar tudo tão a sério o tempo todo.
nunca descansar numa ilusão qualquer de leveza, se é que é mesmo uma ilusão.
por que ainda acredito em crenças que se adaptam aos interesses de uns poucos
de acordo com as circunstâncias? o que eu tinha de melhor se perdia e ninguém
se importava então eu me refiz, mas o que eu tinha de melhor se perdia e ninguém
se importava então eu me refiz, mas o que eu tinha de melhor se perdia então eu me
refiz, mas ninguém se importava e a uma certa altura eu já não tinha mais nem
como acreditar que o problema era comigo. e onde você estaria se eu enxergasse
no espelho o ser mais desprezível da face da terra? há coisas demais em mim que
você não quer ver pra alguém que está parado propositalmente à minha frente. e
se é pra ser esse bobo, o ingênuo, por ter feito a escolha de trilhar os
caminhos do afeto, a maldade do mundo que você diz que combate, não é aí que
ela nasce? ah porque é assim que são as coisas, não são, é você quem prefere, a
poesia que está morta é só a dos sonhadores, apedrejada pelos corações que
apodreceram, como é conveniente transformar os sentimentos em vaidade, fraqueza,
estratégia, puro desejo, nada. por que ainda estão ouvindo essa gente? por que
então é só essa gente que ainda fala?
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