quarta-feira, 2 de setembro de 2020

por que ainda estou ouvindo essa gente? quando olhei pro lado, alguém importante já não estava mais lá. houve um tempo em que era tão fácil a certeza de sentirmos amor, agora uma longa interminável tentativa de cura. nunca, jamais se permitir a falha imperdoável de não levar tudo tão a sério o tempo todo. nunca descansar numa ilusão qualquer de leveza, se é que é mesmo uma ilusão. por que ainda acredito em crenças que se adaptam aos interesses de uns poucos de acordo com as circunstâncias? o que eu tinha de melhor se perdia e ninguém se importava então eu me refiz, mas o que eu tinha de melhor se perdia e ninguém se importava então eu me refiz, mas o que eu tinha de melhor se perdia então eu me refiz, mas ninguém se importava e a uma certa altura eu já não tinha mais nem como acreditar que o problema era comigo. e onde você estaria se eu enxergasse no espelho o ser mais desprezível da face da terra? há coisas demais em mim que você não quer ver pra alguém que está parado propositalmente à minha frente. e se é pra ser esse bobo, o ingênuo, por ter feito a escolha de trilhar os caminhos do afeto, a maldade do mundo que você diz que combate, não é aí que ela nasce? ah porque é assim que são as coisas, não são, é você quem prefere, a poesia que está morta é só a dos sonhadores, apedrejada pelos corações que apodreceram, como é conveniente transformar os sentimentos em vaidade, fraqueza, estratégia, puro desejo, nada. por que ainda estão ouvindo essa gente? por que então é só essa gente que ainda fala?

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