Ainda
rastejantes, agarrados aos livros de regras, desenhando seus rankings com o
impulso infantil, mas vomitando teses, amontoados de palavras que se moldam às
circunstâncias, convenientes, atribuídas aos deuses ou a qualquer grandeza arbitrária
por trás da cegueira, desfilando a arrogância de se sacrificar por mentiras, a
podridão de suas intenções mais puras, a lama escorrendo de suas consciências
limpas, o demônio delicado e sorridente citando as escrituras.
A
idolatria do confronto não bate palmas no portão, derruba a porta; não te pede
um minuto pra falar sobre a intolerância, não tem livrinhos ilustrados com
famílias felizes em seus mundinhos de gritos e agressões gratuitas, não
pergunta se pode orar ou entoar louvores aos vencedores que nos desprezam, não
convida a dar as mãos pra atirar outra pedra. Está em todas as mensagens,
conforta com o seu humor destrutivo, embala o sono dos preguiçosos.
Seu
pensamento de espuma, embriagado, não suporta por os pés no chão, vaga à
deriva. Onde haveria encontro e realidade, onde pudesse haver uma prova
concreta de estarmos juntos, um saber de estar sendo, há o borbulhar das bolhas
virtuais e de avatares de desenho, as certezas encaminhadas de alguém qualquer
de um qualquer grupo, a percepção amortecida por cliques. Agora algoritmos
ditam os ritmos, a matemática de repetir o mesmo, no tom exato, o canto da
sereia, as algemas, o vício de seguir alheio. E enquanto isso, a arte morreu no
mercado, baleada perto do balcão das frutas, limões e pêssegos pisoteados,
uvas, morangos, sangue de verdade.
Tenho ouvido as
coisas mais lindas sobre o amor, mas por onde será que você anda a essa hora?
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