sexta-feira, 6 de novembro de 2020

na verdade, eu esqueço de escrever legenda com aquele é o centro-oeste da Argentina, este aqui é o do Brasil, isto aqui é no interior do Piauí, na verdade, eu queria publicar o desenho de um cartaz que diz "m de marte h de vênus", ou um muro escrito "Basta de transfobia", na verdade, eu me perguntava quem vê tanta fotografia, lê tantas palavras, pensa no assunto, eu mesmo não entendo a guerra dos sexos assim como nenhuma outra, classe, cor, gerações, deus, diretor de cinema preferido, agora me pergunto quanto tempo faz que estou olhando pra essa folha em branco, tem personagens que não quero mais interpretar, raciocínios que não quero ficar repetindo, não me ocorre nenhuma boa história pra contar nem nenhuma grande ideia que valesse um manifesto ou sei lá, que se pudesse explicar em um texto pra teatro, Personagem entra pela direita, olha para o público e diz: Agora está tudo explicado, e olha que eu queria dizer logo toda a verdade, mandar a real, o papo reto, ou sei lá como se diz hoje em dia, como é que vocês falam por aqui, mas a verdade é que eu também queria uma metáfora, uma alegoria, uma porção de imagens abstratas pra esse reino abstrato que é também verdade e paira e não termina, este aqui é o interior da sua alma, nem tanto pela pretensão de um bom retrato, quem não abraça a falta de sentido acaba prisioneiro dela, o céu nunca foi limite, queria mesmo era publicar o mundo, às vezes até sem nenhum remendo, na verdade, tudo já foi dito e a folha continua em branco, como um abismo entulhado de tudo e nada, como uma colcha de silêncios em retalhos

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