Queria te contar de quando abri as cortinas de manhã, e que você pudesse ver, bateram à porta para me cobrar por coisas que eu mesmo nunca recebi, derramaram meu sangue de graça, o céu estava azul bem limpo exceto por aquela nuvem com traços lilases. Pensei no teu sorriso e em morangos, exigiram de mim que eu cantasse com uma alegria redobrada para suportar as trevas que eles mesmos criaram. Vim o mais rápido que pude, acho que nunca te falei, ainda me lembro da primeira vez que te vi usando esses brincos, era uma sexta-feira à noite, em breve chegarão instruções, erratas, agressões, evasivas, tudo descontado do meu salário, é claro, é importante sobretudo que a culpa seja minha, eu tinha vontade era de segurar tua mão, e tanta, quem sabe até me sentisse mais perto. Espero que você perdoe a ternura atrasada, estão entre nós e nos separam, insistem em ditar o nosso gosto, em calar o grito, em minar o esforço, no que depender de mim, daqui para a frente, o que acontecer será carícia. Teria trazido crisântemos, na estrada havia somente os confrontos de sempre, tentei ao menos evitar o óbvio, é triste, mas o fato é que nós todos acabamos perdendo, de novo. Então eu trouxe amor que não se acaba e só, não sei, mas acho que o bastante. Se alguém olhasse da janela agora, talvez ainda pudesse ver o resto desabando.
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