sábado, 10 de abril de 2021

Caminhada

I.

Agitação manhosa da manhã.
O longo despertar do corpo
nos passos lentos pela estrada de terra.
Eu sigo,
senhor deste templo de neblina e sono
e amo com uma preguiça espreguiçada
a sensação redescoberta de estar vivo.
Eu amo. Como se ouvisse vibrar no silêncio
a palavra viva da folha e da seiva.
Me chamam?... É só o futuro que espera.
Mas não, nada me apressa a encontrá-lo.
Não já. Logo terei chegado.
Deixo-me estar nesta ausência de formas,
deixo-me ver só desta vez este agora.


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