sábado, 10 de abril de 2021

II.


Mistura a tua substância à minha,
a pura existência, o puro ser sem gênero.
Ou antes: mostra-te como um mapa
onde eu possa encontrar algo em mim que eu não fosse
e que és tu – algo de que eu nem suspeitava.
E me revela a mim mesmo assim: só no que pulsa lá fora.
E me contém com o me espalhar pelo mundo.
Embriagados da continuidade entre o ser e as coisas,
entre o meu corpo e o teu gesto,
entre o nosso riso e uma ideia só uma ideia de felicidade.
Desperta-me, enfim.
Devora devagar o meu desconhecer-nos.
Alimenta-me de sermos tão completamente outros.

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