o poeta, então,
deitou-se na relva
as palmas das mãos na terra
e em seus ouvidos, pequenos insetos começaram a sussurrar os segredos do solo, e pelas pontas de seus dedos começaram a chegar vibrações, nutrientes, mistérios...
Primeira Era
O poeta aprende, seu sangue é derramado. As pessoas que passam o agridem, vagabundo sem-vergonha, algumas chegam à violência física, a maioria apenas cospe. O poeta está escutando o planeta, já conhece os fundamentos do surgimento da vida.
Segunda Era
O poeta é esquecido por todos, em suas veias corre seiva. Aparecem as primeiras formas de vida surgidas somente pela sua vontade: fungos, vermes, aranhas tão pequenas que mal podem ser vistas a olho nu.
Última Era
O poeta é engolido pela terra, em suas veias corre magma. A sua consciência se espalha em toda a superfície, mergulha com os abismos submarinos, sente sobre si o peso de todos os mares.
no centro de qualquer cidade
junto com os raios da aurora
uma flor estranha nasceu
os transeuntes não reparam. milhares, que vão e vem enquanto o sol sobe no céu, sem ver. a não ser por ela. aquela menina se aproxima, os olhos brilhando apaixonados, "você nasceu esta manhã", ela diz, com um sorriso nos lábios. a terra não chega a saber.
(E a menina também se vai, o coração aquecido,
uma luz tão mais viva.
E nem se lembra da flor, e segue uma vez mais absorvida
por seu dia a dia, alheia
à completa banalidade
daquele milagre.)
Um comentário:
o poeta, então,
deitou-se na relva
as palmas das mãos na terra
e em seus ouvidos, pequenos insetos começaram a sussurrar os segredos do solo, e pelas pontas de seus dedos começaram a chegar vibrações, nutrientes, mistérios...
Preciso deitar mais na terra...
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