sábado, 17 de julho de 2021

Era o sorriso mais claro, uma ternura assim de sono ou qualquer coisa tão macia, sem contar a pele, as ondas da voz dela dizendo eu te levo lá não se preocupe, o nome dela combinava com tudo, era leve, usava a sua roupa mais alegre,

por muito menos eu esqueceria quem eu era ou onde estava indo, e ela me deixando olhar aquelas pernas, um balanço quase distraído caminhando à minha frente, perto o bastante pro perfume dos cabelos, os pelos meio arrepiados do seu braço,

quando um caminho na floresta as árvores mais altas das mais densas matas só nós dois libertos, lábios úmidos trocando uma conversa boba e então a blusa meio levantada, a risada de deleite e nervosismo, um gesto aproximando os corpos como num repuxo,

o quente se juntou ao quente, um grande afeto transbordado pra mais dentro, os dedos, o delírio até sons graves cantam pássaros terrestres, mergulho mais maravilhado, fluidez de busca encontro busca e êxtase encontrado, o paraíso então é carne,

espalha num repouso largo a sede satisfeita e pétalas e pólen, silêncio em todo o vasto território da união das nossas palmas, eu ficaria ali pra sempre entrelaçado a ela no oceano verde, o instante quieto de depois de ter nascido um universo,

mas me lembro com o corpo inteiro de ter visto a claridade do sorriso dela, murmurar seu nome o cheiro a pele que eu pensava que sonhava, doçura adormecida de nudez da selva, céu achegado, calma, a sensação de que no mundo tudo nos adora.

Um comentário:

Beti disse...

Pura delicadeza..😍