sábado, 14 de agosto de 2021

Ainda ontem eram animais estranhos lascando pedras pra virarem flechas
Hoje mesmo, quando amanheceu, ainda eram animais estranhos lascando pedras pra virarem flechas
Na hora do almoço, ergueram civilizações sobre muito sangue
Só que eu não posso estar triste
O momento é de fazer apostas em hipódromos políticos
Ou será que não aprendemos nada com os grandes mestres artistas de algoritmos
Ainda agora sustentam civilizações com sangue
E fogem ao menor sinal de verdadeira humanidade
Não muda nada se dói em mim
Me falta ouvir o oráculo das suas celebridades
Mais sombras áridas a transbordar de celulares
A fumaça do café, a fumaça de um cigarro subindo em espirais brancas, cinzas e
Maçãs na tarde, quem sabe o vermelho imprevisto das camélias
Nem sei mais o que eu digo
O pôr do sol através da chuva lambuza de luz o concreto
Mas nunca se está longe o bastante pra se deixar de ouvi-los
Gritando orgulhosos
Enquanto ainda atiram suas flechas

Nenhum comentário: