O amor existe, eu acho.
Pés descalços sobre a primavera,
corre sempre alguns passos à minha frente.
E é memória de um dia ter olhado nos olhos
e achar que estava enxergando pela primeira vez.
Sim, o amor existe, parece.
Tem o cheiro dos cabelos, o calor das mãos abertas
de alguém que não sei quem é, onde está, e que, no entanto,
vibra em algum canto do meu coração deserto.
E tem sorrisos. Lábios.
É muito vivo esse amor, se existe.
Agora o meu trabalho é no final do caminho das pedras,
semear e ser roubado, ou esmagado por máquinas;
agora eu sangro e suo e tenho o corpo sujo de fumaça
e já não penso sob o sol, secando a testa nas mangas;
mas se eu sonhasse à noite,
seriam sonhos de amor, eu acho.
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