sábado, 11 de dezembro de 2021

Mal consigo te ouvir aí soterrado no passado 
Mas soube que você fala comigo como se eu ainda estivesse lá 
Bem que eu gostaria que uma palavra minha fosse a semente que te brotasse de novo no agora 
E não por ser minha a palavra 
Agora nem sei se é possível algum dia você olhar de frente alguém que não esteja do outro lado do seu espelho
É incrível como você atira pedras da janela enquanto com a outra mão alimenta o monstro em seu armário 
A sua maturidade seletiva só funciona no modelo crítico e carrasco 
Não vai sobrar amor pra mim porque era só um efeito cenográfico 
Mas ódio e zombarias jorram, chovem, sobram, multiplicam-se enquanto você aplaude 
Em troca eu só preciso silenciar o que você não gosta 
Mas olha 
Lamento 
Patético é o seu requinte, há poucas fantasias que 
São mais deprimentes que a sua sofisticação 
Para de me impor suas projeções malignas 
Suas falsificações de justificativas 
Esse pequeno colorido dos seus olhos mal disfarça a sede de poder 
Sabedorias que você despreza em mim e agora me apregoa porque lhe convêm 
Você não pode chamar de civilização o que ainda é só uma alegoria da selva 
Se ainda mal começamos a rastejar um mínimo de entendimento 
Por que tanto esforço em contrário 
O que mais você espera de mim além de não ser

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