raiz das horas, vasta profundeza da memória, eu sou ainda aquele instante do teu rosto entre as minhas mãos, lábios de amora, não sei se a tua respiração ou a minha, a nossa. aurora de sangue, a ponte que tombou sobre o infinito, pouco importam as montanhas que movemos com os corações em chamas, a presença intocável em mais um sonho, saber que já não somos, sentir na boca mais um gosto amargo. ou até mesmo as lágrimas, e sobretudo as lágrimas que sobram, que transbordam, lágrimas que alagam, não importam mais, nunca mais, tampouco agora. eu sei que te perdi no instante em que te amei, e sei do teu amor que virou água, pedra, estrada até o vazio, adeus sem volta. como é impossível não haver ainda o mesmo amor debaixo dos escombros, a terra de que já não pode nascer nada, um eco do teu nome, esse é teu cheiro ou da distância, uma inocência que jamais teve perdão e que se arrasta, a roupa limpa em farrapos. não te encontrar quando eu acordo. a matemática mais reticente, e nem sequer um mapa dessa névoa, plantar uma semente já despetalada. não sei o que sou eu e o que é fantasma. cadê. por que voltar à tona onde também não se respira.
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