Você diz que a estrada acabou, e eu só consigo
Sentir falta de paisagens
Nas suas palavras.
Sabe, pra mim, se era uma estrada,
Era por dentro de pomares,
Campos de algodão, serpenteava
Impossivelmente subindo encostas delirantes,
Não tinha fim, no máximo
Desaguava.
Um tanto de vida que não se evapora assim
Só porque um de nós começou a fazer aulas de java
Às terças-feiras.
Você diz que a estrada acabou, e eu não consigo
Imaginar uma comparação menos apropriada.
É que as estradas, quando terminam,
A gente volta andando por elas.
Não chame de estrada.
É mais, na verdade,
A julgar por como você fala,
Como se nunca tivesse existido
Nada.
Esse lugar nenhum
Onde não cabem nem lágrimas.
Não, então, agora,
Quem é este que sobrou aqui parado,
O olhar perdido no vazio,
Esse vazio por todos os lados.
Você diz que a estrada acabou, e eu só consigo
Reparar
Que acabar mesmo não é coisa que aconteça
Quando se trata de almas.
Um comentário:
Suas poesias são lindas! Sempre fazem refletir…
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