sábado, 28 de maio de 2022

Só no começo confunde um pouco 
Essa maré da moralidade 
A polaridade das conveniências 
A linha das leis se esticando 
Conforme um nome 
Ou um número na conta 

Só no começo confunde 
Ver um idiota receber medalhas 
Por coisas que em você são defeitos 

Sei que te contaram histórias 
Sobre amor e caráter 
Mas na vida real 
Tudo isso é personagem coadjuvante 
Quase sempre morrendo nas valas 
Sem que ninguém chore por eles 

Sei que te disseram pra acreditar 
Provavelmente 
Porque precisavam dormir à noite 
E o teu medo não deixava 

A verdade é que os fatos variam 
Conforme o humor de quem conta 
História é um capricho 
De quem patrocinou a versão pro cinema 
Ou o disparo nos grupos 

A verdade 
É que a própria verdade 
É inútil sem poder 

Não se engane 
Pra ser você mesmo é preciso respaldo 
Ninguém é alguém nessa terra 
Além do cachorrinho de um outro 
Ou então um herdeiro 

Não, não se engane 
Essa liberdade nas prateleiras 
Não está realmente à venda 

Os vencedores, como eles se dizem, 
Seguirão atrás das cortinas 
Aplaudidos sem serem vistos 

Vencedores 
Não perdem seu tempo com questões humanas 
Eles encomendam campanhas 
E vão rir de tudo bem longe 
Se já não tiverem esquecido 

Em resumo, 
Horizontalidade, inclusão, avanços 
São coisas que só existem nos discursos 

Em resumo, 
Quem manda no mundo é um bando de cretinos 
O que nem seria um problema 
Se não fosse todo o resto 
Tão 
Decidido 
A obedecer sem pensar nisso

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