Não era eu quem te ouvia, não fui eu que te acolhi
Quando ninguém queria saber nem mesmo
Que você existia? Não sou eu, então,
Aquele que fortaleceu o teu espírito,
Quem te ajudou a andar e a encontrar de novo
O teu caminho? Pergunto
Não porque eu queira de volta o que é teu
E que talvez você não tivesse visto sem mim,
Pergunto não porque esperasse um pagamento
Sempre que forjava a tua alegria às custas
De tudo o que deixei de experimentar e de viver,
Não que fosse mais por mim
Do que de fato para despertar a mesma força
Que agora você usa para me ferir. Mas
Me ferir? A mim,
Por ser aquele que inundou teu coração
De esperança, assim, como se eu fosse o mesmo
Que primeiro o esvaziou? A mim
Por ter segurado a tua mão, talvez, como se antes
Tivesse sido eu quem te entregou à solidão, a mim
Porque te amei?
Fui eu, então, quem afinal te convenceu de que
Acabou-se o amor no mundo
Ou de que ele nunca poderá ser teu?
Sou eu, agora, que te devo
Algum pedido humilhado de perdão, reparação, maiores provas de
Bondade? Que do vazio eu tire ainda uma vez mais
O que te dê satisfação, se em troca de tê-lo feito sempre
Você veio até mim com pedras nas mãos?
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