Como alimentar uma histeria coletiva. O nós contra eles, de novo a batalha final entre o Bem e o Mal, a ideia preguiçosa de uma solução para todos os problemas. Como construir um grande circo e vender todos os ingressos, botar dois bonequinhos para brigar e incendiar a plateia. O produto ideal nem parece um produto, veja como convencer de que ele é necessário. Já venceu a farsa. É só seguir o script em tom espontâneo e verdadeiro, caprichar nessa interpretação de gente como a gente, usar umas palavras-chave, o discurso das massas como se jorrasse do pensamento de um só homem. Mas tem que ser um homem. Homem branco e velho, e tem que usar um terno. Como dar ao público a ilusão perfeita, a que jamais será descoberta, fazê-lo acreditar que estará decidindo o que já está decidido, celebrar um grande avanço enquanto se garante que tudo siga igual a ontem. Venceu o marketing. Uma estrutura hipnótica, a que preserva escravos. Perdemos nós. Venceram heroísmos fabricados, e a salvação pode afinal morrer não sendo mais que retórica.
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