sábado, 10 de dezembro de 2022

Seu rosto era a mancha sobre a correnteza 
Eu não sabia se te ouvia ou se era a seiva 
Esse cordão de relva enrolado em seu pescoço 
Tivesse um coração de pedra, ao menos, e ele pulsaria 
Se eu arranhasse o concreto, acabaria com lama sob as unhas 
Traça um número, ele nunca cicatriza as pétalas 
Com qual arquitetura você encobre esse vazio pulsante 
Pisa os seus escravos, o meu peito é aquele que transborda lava 
Menos invisível que uma distorção constante na paisagem 
Até que se perceba o plástico e a tinta 
E que são de papel essas correntes em seus tornozelos 
Pisco os olhos para misturar constelações e cinzas 
Nada pode me alcançar no coração das cores 
Silenciosa dança 
Ainda chegará o momento em que verei a noite 
Com um sopro atravessar a ordem da chuva 
E amanhecer com vida

Nenhum comentário: