É quase de manhã, uma pilha de coisas por fazer, três feridas, tem que levar os sonhos pra fora estão começando a cheirar mal, não deveria estar tão frio assim em dezembro, todo mundo mergulhado em um transe profundo, talvez em janeiro eu durma um pouco, devia ser proibido marcar reuniões nos sábados, os passarinhos começaram a cantar, isso é sangue, uma chuva aos pouquinhos e esse vento às vezes, estou cansado demais, precisava ir na padaria comprar pão, vem sempre alguém enfiar uma agulha embaixo da minha unha, se eu não terminar este texto o mundo acaba, as crianças querem quartos separados, não vou ter mais do que um vislumbre de férias, quando haverá uma revolução de verdade, o galo cantou, o único erro de português que me irrita de verdade é a gramática, pra quem era esse relatório mesmo, o café está doce demais, nem olhando de perto eu consigo enxergar algum herói debaixo da publicidade, uma luz cinza se espreme entre a cortina escura e a parede em volta da janela, ainda não sei o que significa ser alguém, outra hora eu te conto a história toda, uma angústia uma agonia, a longa lista de regras, pessoas conversando na calçada, as três frases que ainda faltam, nenhuma visão, as copas das árvores balançam, de uma hora pra outra já não é mais amanhã.
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