Aí eu reparei na ausência de objetos cortantes.
Mas era um avião pegando fogo em pleno voo
Os degraus do ego entre a piedade e a pena
As pedras submersas
Cadáveres e moscas e era a imagem do escárnio esculpida em gelo.
Aí eu reparei que a minha inocência iria comigo à forca.
No chão coberto de palha e nas paredes rabiscadas
Era um trem descarrilhado o testamento de um mendigo
Eram leões famintos águias era o quarto sem janelas
Da pequena lógica dos cínicos.
Aí eu reparei.
Tuas lágrimas de sangue atrás de um vidro
Os lábios se movendo sem que se pudesse ouvir
Aquelas mãos erguidas cinco pétalas de não se alcançar
Sem arrancar do coração uma ferida ardente.
Aí.
A aquarela dos finais felizes desbotou no livro
As sombras do pra-sempre e meu amor eu juro
Que tentei gritar conter dar meia-volta mas já era tarde
Aquele mar de maravilhas terminava em um abismo.
Nós
Dois.
Eu não parei a tempo.
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