sábado, 11 de março de 2023

Não pode o fogo nas nuvens 
O estrépito imóvel 
Uma catapulta de pétala

Não pode a contemplação ter açúcar 
Um rastro rasgar memórias 
O mar dentro da praça 
Tanta chuva em um só morango

Quase 
Sempre 
Assassinatos, roubos, abusos 
Uma farsa exaustiva, um deboche em voz alta 
Uma rua inteira de perversões 
Um vale de drogas pesadas 
Bem, aí 
Pode

Dependendo da cor da pele 
De qual é o seu nome 
Do que foi dado em troca

Quase sempre 
O que não pode é um bicho magro e sem dentes 
Que se pudesse 
Não faria nenhum estrago

O que não pode, enfim 
É um muro sem átomos 
É uma corrente atrás dos olhos

E eu tenho cá pra mim que 
O que não pode mesmo 
Muito 
De verdade 
É todo esse não poder 
Diante de infinitas 
Possibilidades

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