Na praça, a velha estátua amanheceu
coberta de trapos coloridos,
como se fossem uma roupa nova.
De todos os cantos sempre à vista
e de onde mais se esperaria
vieram sedentos e curiosos
inaugurar os remendos na estrada
que ainda leva aos mesmos lugares.
Nas mãos de uma criança, o peso do mundo
é do tamanho da ausência de voos,
e é grande demais para os meus ombros.
(Embora às vezes o coração descanse.)
Assisto ao crescer da grama, esse
misterioso mar de milagres minúsculos,
e assim, porque sussurro,
ainda não sou percebido.
Mas se enxergassem uma flor nascendo entre
os intervalos do concreto, e não a devorassem
plastificada e com logotipos anexos, então
quem sabe
não fosse este um castelo em ruínas.
Um gélido torpor.
Um não-mover sem ar puro.
Se de repente — Olha, um poema!
Trazendo uma prova de explosões serenas,
ecoando sem rumo nas paredes das celas,
inundando os afogados em calor renascente e fluido,
alvoroçando as cores das auras, até que
todos fecham os olhos
e o poema passa,
e tudo o que era vivo passa
e apenas recomeçam a ranger as engrenagens.
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