sábado, 29 de abril de 2023

Vamos cantar no escuro o tempo que escorre além de nossos olhos, 
Segurar as mãos e murmurar delicadezas e segredos e memórias 
Sob a Via Láctea, sob a Grande Árvore; 
Vamos dançar na noite os nossos corações sempre sagrados de criança 
E confessar o sonho que umedece os nossos lábios; 
Vamos saber a orvalho 
E gargalhar a ausência de mistério;

Vamos nascer de novo, nus e em lágrimas de comunhão e afeto 
E arder bem alto o fogo que se espalha em nossas peles 
Sob a Via Láctea, sob a Grande Árvore; 
Vamos beber o mel do nosso amor de divindades 
E reconquistar a eternidade sobre o grande altar do mundo, 
Vivos e encontrados, 
Com nossas duas solidões entregues;

Vamos nos vestir com o sopro distraído de uma flauta 
E reinventar a paz em nossos sonos enlaçados 
Sob a Via Láctea, sob a Grande Árvore; 
Até que o dia nos encontre exaustos e felizes e mais sábios 
De ter feito arte, dessa longa prece sem palavra ou juízo 
Que é o prazer das almas 
Numa mesma carne.

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