Queria falar a linguagem dos sonhos. A voz sem amarras, a pura sensação
feita imagem. Na Terra do Sol Poente, ou Nascente (enfim, na Terra do Céu
Sempre Alaranjado), uma mulher parecida com a Jéssica me levou a um terraço e
me deu alguma coisa pra beber. Tentava me acalmar dizendo que ainda era muito
cedo pra... o que era mesmo? Ninguém é especial, é tudo igual do outro lado.
Durante muito tempo, anotei meus sonhos em um caderno azul marinho. Em uma
terra entre mundos, eu esperava na fila pra pegar o ônibus d’Aqueles que
Tentaram e Quase Conseguiram, que era uma categoria intermediária na evolução
espiritual – aliás, eu estava numa subcategoria média-baixa, porque era o único
responsável por não ter conseguido. Acordamos envolvidos pela sensação sonhada,
ela nos move ao longo do dia. Todo mundo é especial. Tem sonhos de que nunca me
esqueci, sem precisar anotar: resgates no inferno, beijos do mais puro
amor, voos soltos. Falar essa língua, sim, quem me dera. Dizia isso à Gertrude
Stein e ao Caetano Veloso em um bar na Vila Madalena.
Um comentário:
queria sonhar...
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